sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O que não vi

Hoje nevou em Paris. Foram os "primeiros flocos" do inverno que chega, segundo os noticiários. Eu ainda andava na rua no horário previsto pela meteorologia. Queria encontrar a tal da neve. Onde ela está?, pensava eu. Podia senti-la nos rostos das pessoas. Mas não a vi. Porque quando a neve caiu em mim, achei que fosse chuva...

Tudo que fiz foi cobrir a cabeça com o capuz de meu super-capote impermeável e acelerar os passos para chegar logo em casa. Aquela chuva não me interessava. Só depois descobri que havia passado por uma inusitada experiência de desencontro. Perguntaram-me: "viu a neve?" E eu, com cara de Forrest Gump, disse: "neve?!"

Bem que achei aquela chuva meio diferente, meio estranha, porque as gotas pareciam mais pesadas que o normal. No entanto, o único pensamento que me ocorreu na hora foi que eu nunca havia sentido tanto frio como hoje. O chão molhado era igual a outros que eu já havia visto, e em nenhum momento desconfiei que aquele não era o chão de sempre. Estava molhado sim, mas não de água de chuva.

Pois é, a neve chegou... E chegou sem que eu a percebesse. Estava ali, tão presente, tão próxima a mim... E eu, distante, pensando em encontrá-la com outra face, como nos filmes. Teria sido nosso primeiro encontro, mas o encontro não aconteceu. Porque embora ela estivesse comigo, eu estava em outro lugar. Simplesmente, não a reconheci. Pois, para mim, não era ela.

Meus olhos viam o que eu mesmo não vi. Isso é estranho!

Buscava algo que não existia, ou melhor, que existia apenas em meu imaginário de estereótipos. E deixei-a passar com indiferença. Talvez, para ela, fosse como se eu não a esperasse... Ou pior, como se ela nem sequer existisse para mim. É verdade que seu encanto era discreto e que vinha sutilmente misturado ao invisível das coisas comuns. Mas era um encanto real, que exigia de mim apenas um pouco mais de sensibilidade.

Sensibilidade para ver o que estava bem à minha frente, e que talvez justamente por estar tão perto, não poderia ser percebido por olhos como os meus. Olhos tão obstinadamente fixos num horizonte distante que, assim como o futuro, não existe. De novo, sinto necessidade de ver a realidade. Mas não a realidade que eu trouxe do Brasil. Porque, em Paris, a realidade é outra, ela joga comigo escondendo-se e desafiando-me a encontrá-la. Onde ela está? Onde ela estará?

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Violência

Na quinta, na sexta e no sábado, os compromissos acadêmicos foram muitos, e tive que enfrentá-los todos, sozinho. Nesses dias, não consegui arrastar ninguém comigo como já havia feito antes. De repente, encontrei-me no meio de franceses sem nenhum outro brasileiro para me fazer companhia. Era como se estivesse sem referência... Por alguns instantes, tive que esquecer meu idioma nativo e falar tudo em uma língua estranha. Não era a primeira vez, mas nesse curto período as coisas aconteceram como num turbilhão. Não pude escapar daquilo que me engolia. Tudo muito intenso, rápido e vertiginoso.

Tive que fazer-me entender, mesmo quando eu mesmo não sabia bem o que estava dizendo. Nesses momentos, mais do que nunca, senti toda a minha dificuldade para manter uma conversação, pois não conseguia seguir o fio das discussões de maneira inteligente e interessante, e muito menos acompanhar as piadas, que sempre me escapavam. Meu riso, quando não era dissimulado, expressava o constrangimento de quem não pode oferecer uma genuína gargalhada para legitimar a própria presença no grupo ao qual se deseja pertencer.

Não digo essas coisas para parecer vítima da situação: trata-se apenas de expressar, de uma certa forma, o sentimento de solidão - e também o de estrangeiro - que experimentei. Sentimento de ter diante de si um "vasto deserto do mundo", como disse Saint-Preux, personagem de um famoso romance do século XVIII, ao relatar suas primeiras impressões da sociedade parisiense...

Felizmente, no final, fiquei satisfeito com minha performance. Fiz apenas o que tinha condições de fazer para desempenhar meu papel de civilizado, mas penso que representei razoavelmente bem minha persona... Apesar de não haver quem me socorresse nas horas de insegurança diante daqueles estranhos, consegui dar provas de que, em alguma medida, poderia responder por mim mesmo às indagações que me eram feitas. Falei, sim, falei. Talvez, até mais do que deveria. Afinal, eram professores, alguns dos quais, ilustríssimos. Mas não poderia não falar com eles: era o que todos cobravam de mim. Era o preço a se pagar para estar ali, naquele convívio social na Sorbonne e na École Normale.

Não, esses estranhos não eram "maus". Pelo contrário. Foram todos extremamente gentis comigo, atenciosos, simpáticos mesmo. No entanto, mesmo com tanta simpatia e gentileza, havia algo que me pesava, uma espécie de violência. Porque, por um lado, o silêncio nas rodas era proibido, e por outro, havia a cobrança por uma certa atuação social. No fundo, tudo não passava de um jogo estruturado por regras de conduta: ou seja, sociedade. E a violência de que falo diz respeito àquela demanda de energia para se jogar o jogo, para manter as relações, ou, ao menos, para sustentar as conversas. Uma violência sem a qual as próprias relações humanas, ao que me parece, não poderiam existir.

Tentei escrever algumas coisas sobre isso. Mas estava tudo muito filosófico, horrível... Apaguei, porém, não sem um certo incômodo. Porque o sentimento dessa violência é muito marcante e muito difícil para mim, e ainda não consegui dar uma boa representação para ele. Na verdade, já sentia algo dessa violência (no sentido acima) antes, no convívio normal com as pessoas de meu cotidiano no Brasil. Mas aqui em Paris, nessa sociedade estranha em que sou permanentemente deslocado para fora de meu próprio eu, a percepção da violência das relações humanas ganhou uma dimensão incrível: chega a ofuscar meus olhos e a fazer doer meu coração.

Não sei terminar de escrever isso. É tudo muito difícil, muito difícil...

sábado, 13 de novembro de 2010

Quatro meses

Demorei alguns dias para fotografar as folhas amarelas das árvores e o tempo não me perdoou: agora elas estão marrons. Não que o espetáculo das folhas marrons seja menos belo que o das folhas amarelas. Mas é que a recordação ficará marcada pelo sentimento de que, nessa súbita mudança, deixei algo essencial escapar por muito pouco.

Bem que me avisaram que a transformação na paisagem seria rápida! Mas - que merda! - não fui rápido o suficiente. Por negligência ou excesso de confiança (isso pouco importa agora), deixei o momento exato passar. E o que resta para o presente é apenas a constatação de que aquele amarelo não voltará mais. Pelo menos, não para mim. Porque, no próximo ano, não estarei em Paris nessa mesma época para ver o ciclo da vida se repetir. Ops... Eu disse "ciclo"?!

Ora, talvez a vida não seja feita de ciclos como as estações que se repetem. Pois afinal, pensando bem, as estações não se repetem: as folhas amarelas deste ano não serão as mesmas folhas amarelas do próximo ano, porque os brotos da primavera despontarão pela primeira vez em toda a história. Nesse sentido, a história não tem volta, pois cada fato é singular. O que passou, passou para sempre, e, ainda que volte, não poderá ser comparado. Porque o mesmo não é o mesmo, jamais.

Não que eu prefira pensar assim... Afinal, em relação à história cíclica, acho que a história sem volta é, na verdade, até mais difícil.

Sim, mais difícil, porque se a história se repetisse, eu poderia pensar, de alguma forma, em melhorar. Poderia prometer a mim mesmo que, na próxima vez, não me atrasaria. Ah, a "próxima vez"... Pensar nas repetições é tão reconfortante! É quase como viajar no tempo: poder voltar ao passado com a consciência do presente e, como nos filmes, corrigir todos os erros. Tão simples quanto reescrever partes de um texto que, somente depois de escritas, vejo que ficaram ruins.

No próximo outono, tudo será diferente, ainda que tudo se pareça com o mesmo de agora, seja em Paris ou onde quer que eu esteja. Pois, na realidade, a repetição do mesmo é simplesmente impossível. Futuro: sinônimo de incerteza e, ao mesmo tempo, de possibilidades de sonho. Tempo de rê-ver meus desejos. Tento me convencer de que pensar assim seria motivo de esperança, de que poderia me sentir feliz diante do imprevisível. Mas hoje, depois de ver aquelas folhas marrons sabendo que há apenas alguns dias elas eram amarelas, senti um certo pesar. Porque, além das fotos que tirei, ficarei também com a lembrança de algo que era único mas que perdi para sempre, só porque cheguei tarde demais...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Eterna ausência

Confesso que, em Paris, sinto saudade de Deus. Já fui religioso, um crente de verdade mesmo, quase um pastor protestante, e lembro-me que, quando minha fé ia bem, a vida parecia ter sentido, até nas horas de tristeza. Mas agora que Deus é apenas mais um dos fantasmas que habitam em mim, tudo é mais difícil: ser responsável pelo sentido de minha própria história é angustiante, exige de mim muita força interior para lidar com meus fracassos, e suportar o vazio que permeia minha existência só com a razão e sem a esperança de uma redenção futura, é duro demais. O mundo sem Deus é coisa de adulto. Mas, fazer o quê? Pois, assim como eu não poderia evitar envelhecer, não pude evitar que Deus morresse em mim.

Talvez seja por isso que Jesus disse que o reino dos céus é das criancinhas: porque Deus sabia que, quando nos tornássemos adultos, iríamos preferir esquecê-lo. O problema é que, em uma sociedade cristã como a nossa, esquecer Deus é quase o mesmo que ter um pedaço de nosso corpo arrancado. Deve ser por isso que crescer dói tanto, a ponto de, às vezes, eu ter vontade de permanecer criança para sempre, como se assim eu pudesse viver sem dor, e ainda, com a promessa do paraíso... Feliz talvez.

Contudo, sendo honesto comigo mesmo, sei que não poderia ser criança por muito tempo. Porque, egocêntrico como sou, eu usaria Deus infantilmente como des-culpa, isto é, culparia Deus pelas coisas que não acontecem segundo meus próprios desejos. E agora que não tenho mais Deus para culpar, culpo os outros, o que não apenas confirma minha infantilidade, como também mostra que meu problema com Deus é sério, uma vez que replico meu imaginário teológico da punição numa versão laica. Agora não é mais Deus quem me castiga por minhas ofensas, mas os outros. E isso minha experiência tem demonstrado ser trágico, pois, por pior que seja a convivência, sei que não posso viver sem gente ao meu redor. E, assim, talvez haja sentido em se dizer que o inferno são os outros!

Neste domingo, tive muita vontade de voltar para o Brasil. Muita vontade mesmo. Porque não é fácil sustentar o sentido da minha história sem um Deus para me convencer que a vida não é tão absurda como costumo achar. Queria desistir. Mas, ao mesmo tempo, sei que, se eu voltasse, jamais me perdoaria por uma atitude tão covarde. Mesmo porque essa crise continuaria no Brasil. Além disso, fico muito constrangido por saber que há pessoas que dariam tudo para estar em meu lugar, pessoas para as quais uma bolsa de estudos de um ano em Paris seria, no mínimo, sinônimo de infinita felicidade. Como abrir mão de uma chance dessas?!

Sentia-me dividido, ou melhor, dilacerado, porque era como se eu fosse puxado com violência por dois desejos radicalmente contraditórios dentro de mim. Desde julho, nunca senti tanto a falta de meu analista. Não cheguei a ficar desesperado, mas, por um instante, pensei que poderia jogar no lixo tudo que havíamos construído nas conversas que tivemos. Felizmente, lembrei-me do que ele havia me dito antes da viagem sobre tentar dar uma representação para essa minha angústia a fim de torná-la, de alguma forma, um pouco menos terrível para mim. E foi o que tentei fazer, lembrando dos acontecimentos que me levaram a descrer em Deus.

Como o assunto é chato, tentei ser breve.

O que fez desaparecer minha fé em Deus foi a mesma coisa que me levou a crer em Deus: eu queria viver o amor. E não só o amor espiritual do cristão em relação a Deus (que era muito místico para mim, nunca consegui compreender), mas o amor em todos os sentidos nas relações humanas, inclusive naquele sentido que, imaginava eu, levaria duas pessoas a decidirem se casar. Aliás, só comecei a freqüentar uma igreja porque havia me apaixonado per-di-da-men-te por uma moça evangélica de São Paulo, em 1997: ela me convidou para conhecer Jesus... E eu até conheci Jesus, mas amor (no sentido que eu pudesse compreender), que era o que eu queria, ficou na incógnita.

De todo modo, eu era muito ingênuo (recém-formado, um interiorano que começava a trabalhar como engenheiro na capital), e essa experiência me aproximou da vida real, que é feia, mesmo em meio aos mais santos cristãos. Não demorou muito para eu perceber que, entre o que está escrito na Bíblia sobre o amor e o que acontece de verdade nas relações humanas, há um abismo intransponível. Eu até tentei estudar melhor essas questões cursando teologia, mas não deu certo: após dois anos de seminário, o que a Bíblia falava de amor já não fazia mais sentido prático nenhum para mim. Sabia até falar dos vários tipos de amor em grego, mas não fazer o que eu achava mais importante: vivê-los.

Nesse tempo, encontrei por sorte - e não por predestinação, como já pensei - uma pessoa muito especial, Jacque, que me fez pensar, mais do que nunca, que seria possível viver o amor verdadeiramente. E, durante um bom tempo, isso de fato aconteceu: com Jacque aprendi que, para além do sexo, amar era compartilhar as coisas tristes e alegres da vida, sobretudo as mais secretas, com cada um buscando no outro o apoio necessário nas horas mais difíceis. Infelizmente, não soubemos lidar com certas dificuldades inerentes à própria relação do casamento, caímos na armadilha da rotina e, quando percebemos, já era tarde demais: na prática, após oito anos juntos, havíamos nos esquecido do amor.

Que triste essa lembrança! Esquecemo-nos daquilo que mais buscávamos, e que, para existir, dependeria de um empenho de rememoração constante meu e dela... Esquecemo-nos de lembrar do amor. Pergunto: de quem foi a culpa, meu Deus? Não sei responder. Tudo que sei é que, como resultado, o amor que sobrou entre nós é apenas aquele que, em alguma medida, resta em nossas memórias embaçadas pela tristeza, memórias até meio apagadas de tão cheias de  marcas e feridas. Esquecimento: sinônimo de morte, como uma perda irreparável. Em sentido bíblico, foi como ter comido o fruto proibido. Por fim, o sentimento que tenho é o de uma saudade: saudade daqueles primeiros momentos de descoberta do amor, que, assim como nossa inocência, ficaram perdidos para sempre no passado.

Lembrei-me do Rubem Alves, que é até hoje meu teólogo favorito. Ele foi um dos autores que me fizeram querer estudar filosofia. Não só pelas heresias que escreveu, mas sobretudo pelo jeito como ele sabe dizer as coisas que mais me importam. Nunca vou me esquecer de "Sobre deuses e caquis", onde ele fala da teologia, isto é, do discurso sobre Deus, como "celebração de um vazio que nada pode encher". Suas palavras, de certa maneira, me ajudaram a lidar com esse vazio infinito que sinto existir dentro de mim:

"Teologia são os poemas que tecemos como redes sobre a saudade de algo cujo nome esquecemos.

Qual deles é verdadeiro? Poemas não podem ser verdadeiros. Mas devem ser belos.

E é só por isto que eles têm o poder mágico de possuir o corpo. A verdade é o que é; o que está presente. Mas o corpo se inclina para o que não é - Desejo! - o que ainda não nasceu, ou que já morreu, contornos do 'pedaço arrancado de mim'. E me veio esta idéia insólita de que Deus é o nome que damos a esta ausência que habita o corpo..."

Não, não era Deus quem eu procurava. Na verdade, estou em busca do nome que possa habitar e possuir meu corpo, não como um fantasma, mas como um pedaço de mim, como aquilo para o qual se inclina o meu desejo. Desejo que me leva a acreditar em coisas que não existem. O que exatamente isso significa, eu não sei. Mas tenho a impressão de que, quando eu descobrir, terei reencontrado o amor. Não com a pretensão de que seja um amor "eterno" (afinal, quem acredita nessas coisas?), mas um amor que dure enquanto eu conseguir não me esquecer dele de novo.

[A Jacqueline, em memória de nosso amor.]

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Saudade



Não é a melhor entrevista com Lévi-Strauss que já assisti. Mas é a que eu considero mais emocionante.

E acho que agora sei a razão: vejo nela o relato de alguém que pensava nas relações humanas com um sentimento de saudade.

Lévi-Strauss tem saudade de um Brasil que ficou para sempre no passado e que, por mais que amasse, não poderia voltar jamais.

Se suas palavras não fossem tão rousseaunianas, não seriam tão bonitas...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Fantasmas

Passei hoje em frente ao café Old Navy, no boulevard Saint-Germain. Era onde Cortázar costumava escrever, dizem.

Não tive coragem de entrar. Porque imaginei que poderia encontrar Cortázar lá. Que loucura seria! Se o encontrasse, ele poderia olhar para mim. E, se olhasse, o que eu lhe diria?

Aí está minha dificuldade: queria saber o que dizer a uma pessoa que não pode mais viver conosco. Qualquer palavra seria inútil... Talvez o melhor fosse não dizer nada. Mesmo porque, antes de tudo, seria preciso vencer o medo de encarar um fantasma.

Em meio àquela multidão que andava pelo boulevard Saint-Germain, será que eu encontraria Cortázar? E, se o encontrasse, e se ele olhasse para mim, venceria eu o medo de olhar para um morto? Não sei, não sei... Talvez, por conta de minha covardia, eu preferisse simplesmente fechar os olhos. Ou seja, fugir...

Na verdade, vivo fugindo de fantasmas. E, no entanto, tenho que lidar com eles todos os dias. Eles sempre me encontram, sempre me assombram, e não por acaso, afinal, estão muito perto: meus fantasmas habitam todos dentro de mim. E em Paris, sinto que a convivência com os mortos é muito mais difícil, porque é como se eles estivessem mais perto do que nunca.

Hoje pensei: não vim para Paris, vim para dentro de mim. Paradoxalmente, acabei me aproximando ainda mais do que eu queria evitar. Pois aqui, "chez moi", não tenho para onde fugir dos mortos. Que destino!

Sim, destino. Porque tenho a impressão de que não escolhi nada isso. Se eu fosse o autor de minha própria história, teria me feito corajoso, um herói de verdade, ou, pelo menos, um personagem que soubesse lidar melhor com fantasmas. Mas só o que sei fazer é fugir deles.